26 de dez. de 2008

6 comentários:

Unknown disse...

"Procure sempre fazer o que for útil para os outros e agradável para si mesmo."

por isso acho que vc está no caminho certo, menino, embora a gente nunca tenha muita certeza se realmente é, se poderia ser melhor...

Eduardo Navarrete disse...

Pelo visto você parte de uma dicotomia entre razão e emoção ou sentimento (representado pela suposta voz que você diz ouvir e que, em certos momentos, você diz te guiar) e intelecto que, a meu ver,é falsa. Pra mim, essa oposição não é tão nítida e clara assim. As fronteiras que dividem aqueles dois elementos estão meio borradas e um acaba se confundindo com o outro. Isso porque acredito que a razão é, na verdade, uma espécie de subproduto do instinto. Schopenhauer dizia que a inteligência é uma serva, uma marionete da vontade (vontade significa essa força vital irracional que move todo ser vivo, até mesmo aquele capim que você observou crescendo na rua a caminho do hospital), o que quer dizer que até mesmo as mais sofisticadas elocubrações intelectuais ou teóricas são impulsionadas, determinadas por sentimentos, por emoções ou, em outros termos, pelo instinto. A razão só é o pretexto de nossos atos; é a roupagem que usamos para camuflar nosso vegonhoso instinto e para esconder a nossa força vital que, em última insância, só busca glória e poder; é a ponta do iceberg, e sua função é dissimular,disfarçar tudo o que está no fundo do oceano.

Bruno Tolstoi disse...

Gostei bastante!
Tbm creio na tênue separação entre os elementos mencionados, contudo se buscar em distancias maiores à fronteira abstrata, acaba por tornar evidente a distinção conceitual (conceitual, pq em ultima instância nada existe por definitivo como representação, somente na mente do sujeito, tornando qquer discussão intelectual mera perca de tempo). Nesse campo qualquer afirmação categórica é de presunção perigosa, a própria ciência psicológica não paradigmática é um indicativo da necessidade de criar novas percepções sobre o assunto.
- E tbm não eh uma dicotomia razão emoção, não acredito em dicotomias, são coisas distintas, não opostos ou as únicas duas coisas que existem no complexo componente do ser humano. – em ultimisssima instancia não acredito que nada esta separado de per si, a separação conceitual nossa é uma necessidade humana de tentar compreender melhor as coisas que não consegue simplesmente aceitar em sua experiência integral.
Particularmente eu busco experiências singulares, que creio ser um pouco transcendente a apreciação intelectual, pois a apreciação intelectual é a observação da experiência alheia ou a redução da própria experiência na limitada linguagem (e acaba por reduzir infinitesimalmente a percepção absoluta resultado da experimentação). Particularmente não me sinto um capim, nem um cachorro, nem tão pouco tenho encontrado satisfação em me arrogar, pelo contrario, minha experiência direta tem demonstrado que é exatamente no momento onde consigo igualar-me em importância ao sujeito externo que consigo sentir indescritível tranqüilidade e estar mais liberto de travas psiquicas.
Não creio q a gloria e poder sejam partes do instinto... eu particularmente nunca vi um cachorro glorioso =P (brincadera, soh pra enche o saco mesmo hauehauehaueh), creio que esses elementos que vc centrou não são nem sequer a questão focal, creio que sejam simplesmente manifestações do medo, são uma estrutura de defesa psíquica, e aqui não é tbm somente leitura, é coleta empírica de dados, nos trabalhos que desenvolvi e nas novas experiências que venho tentando desenvolver, observei que o ser vai deixando paulatinamente a necessidade de se sobrepor na medida que consigo aceita-lo e demonstrar essa aceitação. Pra mim é muito claro isso, do orgulho, vaidade, busca pelo poder, como sendo estruturas de defesa, se quiser tento discutir mais sobre isso.
Gostei muito da observação sobre a inteligência como serva da vontade, vou meditar um pouco sobre e observar em mim.
Valeu veio... manda mais fita ai, não fica com preguiça de escrevinha pq assim eu consigo dinamizar a inteligência aqui =)
Abraçu. Falando nisso vc nunca deu abraço memo... ta devendo eim.

Bruno Tolstoi disse...

ah.... eduardo aquela difinissaum lah do sentimento e da razaum eu nao acredito nela como absoluto, creio ser bem mais complexa... aquilo ai eh soh uma pira q tive... mas se eu for tentar hoje coneituar melhor essas fitas tenho q intruduzir elementos que pra mim saum indispensaveis, como a importalidade, a divindade, a impermanencia... aquilo ali eh mais argumentassaum pra azucrinar materialista com pouca leitura

Eduardo Navarrete disse...

Caro Bruno!
Também acredito que a linguagem reduz a realidade, ou ainda que a linguagem faz de tudo pra encaixar a realidade em suas linhas, nem que pra isso precise cortá-la, mutilá-la, etc...Então, é claro que aquelas palavras ou conceitos mencionadas anteriormente não são um reflexo exato da realiade. porém, a linguagem (escrita, falada, gesticulada, desenhada, etc...)é única forma de darmos um sentido para aquilo que nos cerca; é única forma de explicarmos o mundo e a nós mesmos.logo, não podemos fugir dela; somos seus prisioneiros. e se certas palavras, como aquelas usadas a pouco, não servem pra dar conta de um assunto, cabe a nós invertarmos outras que dêem. é pra isso que existe a filosofia, e é, por isso, que os filosófos inventam tantos conceitos e neologismos.
agora você disse algo que eu não posso concordar de forma nenhuma.você diz que não se sente um capim e que nunca viu um cão glorioso. essas afirmações, lógico, querem dizer que vc não busca aquilo que eu disse ser a finalidade última da vontade:glória e poder.posso até levar em conta sua afirmação de que sentimentos como orgulho e vaidade são mecanismos de defesa, mas pra mim a essência do homem, isto é, aquilo que todo homem tem em comum e que o define, é a tal da vontade, que nietzsche chamava de vontade de potência e outro filósofo - cioran - denominava de princípio da expansão. é essa vontade-de-vir-a-ser-mais,essa vontade de expandir-se é a mola propulsora de nossos atos.e é também aquilo que unifica todos os seres vivos, e - quem sabe - tudo aquilo que existe; é aquilo que nos integra ao cosmo e acaba com outra falsa dicotomia - entre homem e natureza. pois, tanto como nós, eles(outros seres) também são portadores daquela vontade de ser mais. um capim, desde de pequeno broto, faz uma força imensurável para irromper na terra, superando todos os obstáculos e sobrepujando tudo que ele pode sobrepujar. esse movimento é uma afirmação, uma expressão da vontade de querer ser mais.um cahorro enfrenta outros para conseguir uma fêmea, para garantir sua comida, etc...esse também é um movimento de afirmação da vontade. você, tal como o capim e o cahorro, afirma e expressa essa vontade, mas é óbvio que de outra formas:tentando ser o mais bondoso, o mais virtuoso, etc...é óbvio que você não vai dizer que faz isso por mera vaidade de ser o "mais" isso ou aquilo. é aí que entra o papel da razão. você a usará pra inventar pretextos pra seus atos. dirá que faz isso por fidelidade a seus princípios e tal, enquanto os princípios, na verdade, como eu já disse, são justificativas esfarrapadas que criamos pra dar vazão a nossa vontade.talvez naquela momento em que você avistou um capim na sua missão rumo ao hospital você tenha sentido uma espécie de identificação e por isso tenha dado tanta importância a ele; talvez, também, nós(eu, você e todos) sejamos os cachorros gloriosos que você nunca viu, e essas palavras nossos latidos. au!au!

Bruno Tolstoi disse...

Oloco, curti esse ein!
Bom, considerando as musicas que escutamos e a forma que cantamos, eu diria que estamos muito mais pro grunhido do cachorro que pro próprio latido aheuhaeuhaueh.
Perfeito, acho que compreendi parte do que disse, e concordo, mas sobre um outro aspecto... particularmente, em uma forma bem intima de pensar (se é que toda forma não é sempre bem intima ahuehauehuaeh) tudo que há possui exatamente o mesmo peso de importância no universo, no meu caso toda, e talvez no seu caso, nenhuma. Mas pra adotar esse tipo de pensamento eu tenho que admito que tudo que há é vida e um vir a ser constante, exatamente com as mesmas igualdades de direito, de um átomo a um cristo (se preferir, use outra figura de estima) e com as mesmas potencialidades, ai tem que entrar uma pah de outras coisas, como imortalidade, impermanência, criação, desenvolvimento, atemporalidade, infinito... ai todo esse principio que nos integra eu consigo admitir de boa. (Tipo eu não me sinto um capim, embora parte da experiência como capim esteja na minha constituição humana, o mesmo pro cachorro, nem mais nem menos, apenas em um momento diferente, geraria margem pra dizer q eu sou mais que o cachorro se não houvesse o conceito da atemporalidade, mas como ele é considerado, resta apenas dizer que estamos momentaneamente em singularidades de diferentes potenciais de percepção, soh isso). Particularmente, busco uma sensação de integração com tudo que há, mesmo acreditando que estejamos com potencial perceptivo diferenciado, mas, novamente, não eh melhor nem pior, diferente soh...