30 de jul. de 2008

Mais um dia vencido

A atmosfera rarefeita se tornou,
Pela altitude das angustias dilacerantes,
A resposta fisiológica ofegante,
E em oxigênio o encéfalo se afogou.

Dispersa em embriagues oxidativa
A realidade que lhe ceifava os desejos
E as lágrimas, solvente benfazejo,
Diluíam a lógica positiva.

Exausto, em pálpebras de chumbo,
As águas corriam mais brandas
E o tórax mais expansivo.

Aos poucos se despedia do mundo,
E em sonhos atendidas as demandas,
Enfim, o silêncio, o alivio.

20 de jul. de 2008

12.07.08
A lógica pode abarcar parte da realidade,
E mesmo que a lógica se altere,
Modificando os postulados,
A realidade precedente não tem sua integridade aviltada,
Apesar de não ser verificável em tempo presente.
Quem quiser o contrario:
Validar sua aplicação no tempo atual ou
Invalida-la como integra em tempo pretérito,
Certamente caminha para infelicidades,
Pois gera apegos, o que contrariam a lei de impermanência;
Ou porque condena percepções parciais,
O que colocaria a experiência humana em tragicidade niilista.




(24.06.08)
Dúvida

Há duvida,
Alfinetada mal disfarçada,
Que espeta o homem,
Em tudo o que pensa e faz.

É um preço justo
Para a garantia da liberdade,
Pois nas certezas
Não se fazem escolhas.



Experiência

Os espinhos mantinham as vontades fracas à distancia,
Ainda assim
Apanhei um fruto maduro do cactos.
Saí com furos nas mãos, furos nos pés.
Mas o fruto é doce,
E doce ficou na lembrança,
Doce compreender que espinhos e fruto são do mesmo organismo,
Doce saber que há coragem para colhê-lo.


ricoco

ricocoricocoricocoricoco
RICOcoRICOcoRICO
RIcocoRIcocoRIcocoRI
ricOCOricOCOricOCO
riCOCOriCOCOriCOCO
ricocoricocoricocoricoco

Termodinâmica

A arma fria, a mão quente...
O gatilho frio, o dedo quente...
O cano frio, a cabeça quente...
A bala quente, o corpo frio.

13.06.08
Hoje eu vi um carro
Que de tão caro
Não era um carro,
Era um desumanizador,
Um detonador de realidade.


12.06.08
Não estou, por Estar

Hoje não estou pra idiotices.
Ao menos às mais evidentes.
Não estou para encher a cara,
Não estou para socos e chutes,
Não estou para beijos e sexo sem partilha.

E se os apegos vierem chamar,
Já não encontrarão quem procuram,
À menos que recobrem em memórias
O alimento para imaginações.

E mesmo assim,
Já quero deixar alimentos gordurosos,
Dessa adiposidade burguesa,
Dessa aterosclerose imediatista,
Desse miocárdio em infartos hedonistas.

Não se trata de deixar de fruir,
É justamente o contrario,
É assumir a responsabilidade
Que a liberdade exige,
É Se Ser,
Em atos,
Gestos,
Palavras,
Mas, sobretudo:
Pensamentos.
É estar aqui e agora
Agindo em liberdade,
E não simplesmente
Em movimentos cármicos,
Em esperas de insights.


12.06.08

Em dores minhas que nem sei...
Por ter de entregar o que não tinha...
Mas o apego...
O apego...

Eis toda a dor dos seres humanos...
E Buda, já o sabia...
E Cristo advertia...

Mas eu, um desses empíricos incrédulos...
Um desses vaidosos de conhecimentos...
Em apegos...
E agora, em dores...
Há dores...
Apegos...

Não fosse ainda o intelecto,
Que racionaliza a própria transcendência...
Haveria dores das dores,
Pavores, horrores...
Mas esse pragmatismo transcendente,
Que deixa ser e explica o inexplicável,
Que contradiz pra dizer...
Não fosse...

Então... só há dores,
Do crescer,
Do desapegar,
Do estar em si,
E que agora só conseguira estar no mundo,
Em mundo ressignificado
E rezignificado aos inevitáveis do mundo...

Ah! Até Bakunin já dizia,
Mas eu não enxergava as linhas
Por traz das linhas,
E nem em epistemologias me imbricava:
Que seriam tais “leis naturais”?

Mas já não importa...
Só são dores,
Que ante a experiência,
Que confere a sabedoria,
Se tornam gratidão.

Obrigado!



11.06.08

O canivete polido e afiado aguardava ansioso no bolso.
E à medida que a noite se fazia profunda
A ansiedade os acompanhava mais de perto.

O lixo se acomodava a vontade nas vias publicas,
Após orgias de tempo fodido em vazios de embriagues.
Aos poucos os que se equilibravam seguiam para suas cavernas,
Os que já tombados, combalidos de cérebros desidratados,
Adormeciam em camas de cimento amaciadas a vapores alcoólicos.

A densidade silenciosa se espessava,
A mão no bolso agarrava mais forte a haste metálica,
A cada ruído que ousava transpor
Os impactos secos do coturno no cimento.

Eram por essas horas que as cabeças em cabelos curtos
De suspensórios inúteis e coturnos iguais aos seus
Costumavam migrar em alcatéias marchando descompassadamente.

Mas continuava: medo, coragem, músculos tensos, canivete...
“Ao menos um” pensava em uníssono com a lâmina.
“Ao menos um” cairia em estertores de vermelho morno.
“Ao menos um” reviveria a lei de talião,
Cumpriria o acordo de cavalheiros
De além das bordas do sistema.


10.06.08

Depois de conhecer Menina Poeta

É melhor recorrer às piadas às poesias,
Mesmo porque minhas poesias se tornaram piadas!


10.06.08
Fiquei um tanto passado!
Minha sutileza pareceu pau de macarrão na nuca,
E o estilo chulo divertido,
Não passa mais de
Chulo decadente.
Até o raciocínio parece que
Se ocupava de funções de uma variável.

Fiquei um tanto passado!
É bem diferente conhecer Poetas à poesias.
Em poesias se plagia, se inspira, se simula,
Em poetas se atormenta, se impressiona, se curva.
E ante o peso da originalidade,
Treme o ego sem referencias.

Foi um enrubescer em “passamentos”,
Um sentir ternura e sentir pequeno,
Um assustar em contentamento.
Em que um espontâneo dizer
“Caaraalhoo!!!”
Se repetiu do começo ao fim...

Fiquei passado!
Uns olhos de águia em acuidade,
Em ternuras verdadeiras desconcertantes,
De profundidades que nem sei...
Uma precisão no transcrever da imprecisão do sentir,
De dimensões Poéticas de Poetas,
Diferente da minha dimensão poética de poesias.

Agora:
Um sentir pequeno mas acolhido,
E encolhido no escrever pequeno.
Repito a chula e espontânea reação:
“Caaraalhoo!!!” (em sorrisos no rosto)

E penso, um tanto grato
Por esse seu olhar desbravador,
Com acesso aos corações,
Ser um tanto tímido,
E de respirações ocidentais.
Do contrario, assustaria tanto,
Que me sentiria incapaz,
E ao invés de “send”,
Seria “sand” que deixaria
Um vento de bytes varrer as palavras
À bites randômicos,
Inacessíveis a linearidade newtoniana...



02.06.08
Shiiiii!!!!
Fez-se o silencio no universo para se escutar a diversidade.
E a folha do arbusto silenciou para ouvir a estrela distante no espaço infinito.
E a estrela distante silenciou para ouvir a folha do pequeno arbusto.
E no silencio se entenderam,
E se irmanaram.
E para todo o sempre permaneceram juntas,
Em igual importância,
Sem que perdessem a individualidade.



75 primaveras

Rápido rápido, não demore à nascer!
O hospital esta cheio, pouco importa você!
Tenha pressa, ande logo, não se atrase na aula!
Urge abarrotar seu intelecto e sufocar sua alma!
Nada importa o querer, vá trabalhar!
Consumir é a ordem, a lei, acumular!
Seja dono, possua, o apego é o sentimento!
Um carro importado ou um cachorro sarnento!
Vamos lá, reproduza, o sistema deve continuar!
Graxa nova é requerida pra maquina engrenar!
Suas rugas são muitas, aceite sua inutilidade!
Se afaste, devolva o espaço na sociedade!
Morra logo, sem dar muito trabalho a ninguém!
Uma caixa de madeira, um buraco no chão, já foi tarde, amem!


“tudo a ver”

Senhores doutores donos de éticas e morais,
Possuidores de ciências precisas e universais,
Mestres nos gestos polidos e etiquetas comportamentais:
Uma fonte de inspiração às novelas globais.

Sua senhoria, seu doutorado pra nós não significa nada.
Sua ética minimalista e sua moral burguesa depravada.
Só louvamos o conhecimento que beneficie à coletividade,
E a ciência que expanda, faculte as possibilidades.

Escondem os horrores das expropriações político-sociais:
Uma fonte de inspiração às novelas globais



???
Eu: Acho que seria importante superar a sua faze anal.
eu: Mas será que eu não estou interagindo produtivamente com o meio?
Eu: Não, não sou Freudiano, estou falando da faze de cuzão.
eu: ?
Eu: Aquela que mediocriza o seu ser por distanciar o pensar do agir...
eu: Nem me fala...
Eu: Falo mais, nem se quer o pensar tem sido viabilizado...
eu: É, eu imagino...
Eu: Lógico, parte de você é quem escreve...
eu: Podia ter ficado sem essa...
Eu: E ficaria sem a oportunidade de se avaliar?...
eu: Hum...
Eu: Hum o que? Elabore você também alguma coisa de produtivo, ou vai ficar esperando rompantes pseudo esquizofrênicos...
eu: Estou precisando de mais ação consciente...
Eu: e...
eu: E atenção voltada para os sentimentos...
Eu: Esta indo bem...
eu: É importante estar atento ao efêmero e a realidade lógica e objetiva da imortalidade...
Eu: Hum...
eu: E viver coerentemente como as conseqüências desse modo de pensar.
EU!


5.01.07
É um caos
As vezes eu digo sim,
Querendo dizer não.
Outras, digo talvez tendo certeza,
E o contrario também acontece.
Mas levando em conta as minhas realizações,
Ou melhor, irrealizações,
E esse sentimento de frustração,
O fato é que eu não sei o que quero,
Sou uma mente estranha num corpo estranho
Alheio ao próprio espírito.
É um caos.

2.01.07
Minha tese final

Sinto informar-vos, senhores,
Mas, o mundo não é de descartes,
Nem mesmo de newton.
Sinto, mas é meu dever
Dizer que o mundo já existia
Antes de todos os seres humanos
E continuara existindo apesar deles.

Enfim, tomai-vos no cú!
Sou eu o pó irado,
Sois vós os pós eruditos
Que o vento à de varrer
Pra puta-quel-pariu.


14.11.06
Só os profundamente angustiados
Conhecem o peso da solidão,
Não a solidão piegas,
Mas a solidão multiplicadora de angustias,
De suspiros profundos,
E nós na garganta,
Duma espécie de saudosismo
Sem passado algum

Só os profundamente angustiados
Sentem a morte do sol no horizonte
Como se um amigo morresse distante.
E na penumbra são invadidos
Pela vontade de fugir
Sem saber do que,
Sem saber pra onde.

Só os profundamente angustiados
Sabem do vazio que é formado as multidões
Sabem das cores pálidas que são pintadas a natureza,
Sabem da rotina entediante das leis naturais.

Só os profundamente angustiados
Enxergam a inutilidade das próprias realizações
E se esvaziam de vontade.

Só os profundamente angustiados
Não vêem sentido em continuar escrev




Nietchaiev Zem e Mechem NTW-20

As vezes tenho devaneios com um rifle
Igual de filme e jogo de computador.
Libertar-me da minha angustia,
Democratizar o terror.

Sonho estar nas alturas
De um arranha-céu insuspeito,
Presentear um ícone por dia
Com um furo na testa ou no peito.

E duma quilometragem segura,
Manter calibrada a mira,
Com precisão paciente
Fazer penetrar minha ira.
Famoso da televisão,
Políticos, jogadores,
Médicos, advogados,
Padres, pastores,
Policiais, traficantes,
Iletrados, doutores,
Carecas, punks,
Juizes, escritores,
Comunistas, liberais,
Boêmios, promotores,
Budistas, cristãos,
Pacifistas, matadores,
Seria um zunir incessante
De ponteiros voadores.

Nem deus, nem os profetas,
Só o anonimato salvaria.
Ou a extinção do ego,
Ou a minha pontaria.


07.11.06
Hoje, agora pouco,
Fui atravessar uma pequena avenida,
E de bicicleta, parei,
Olhando se vinha algum carro.
Não vinha,
Mas fiquei parado por alguns segundos,
Pensando em nada, cabeça vazia...
E no despertar,
Achei engraçado
Ficar parado com a rua vazia.
Então eu revi (porque disso eu sabia),
Que minha vida é cheia de ismos.

Lembrei dum grande amigo meu,
Que um dia me contou que,
Perto de dois universitários,
Conhecidos de classe (historia),
Que mediam seus egos,
Um usando a mascara marxista
O outro a liberal,
Acabou sendo colocado na discussão:
-E você Fabiano, o que você prefere?
E na resposta, pacifica e natural:
“Eu gosto de bolo de cenoura com cobertura de chocolate.”

Agora eu sei:
Buda vive por ai,
E às vezes,
Para pra atravessar avenidas e
Comer bolos de cenoura.



Metástase metafórica - 07.11.06

Quer ir!?
Vai! Vai!
Segue seu idi,
Deixe ele fazer de ti
Um idiota!
Vai! Vai!
É o seu superego chamando!
Ninguém vai te incomodar,
O mundo esta cheio
De seuperegoistas.

Somatise sua cefaléia,
Somatise sua ulcera,
E, quem sabe,
Seu esforço por viver
Na contradição capitalista,
Com tantos instantes de felicidade,
Da roupa nova,
Do carro novo,
Da esposa nova e nova,
E com tantos anos de angustia entorpecidos
Por psicólogos, psiquiatras,
Shoppings centers,
Zooloft, prozak, fluoxetina,
Prostitutas e cafetões das discotecas caras,
Yoga de academia,
Quem sabe
Você consiga somatizar um câncer.
Viva à Ana Maria Braga.
Até isso é bonito.
Você não é você,
Você agora é ator, atriz de novela,
Você não é brega, você é Braga.
Encene seu sofrimento, coitadinho/a
Até você tem pena de si,
Chegaria até a esquecer
Que você é culpado.
Mas alguma parte de você sabe,
E te come vivo.

É uma troca:
As cédulas que você converteu
Em exploração, expropriação,
Alienação, miséria, morte,
Por células que se multiplicam,
Se deformam, se espalham,
Te fodem inteiro

A natureza é linda!

Tenha um bom dia!



cUSPe (2006) - O dialogo transcrito abaixo representa a conversa entre dois conhecidos. Tendo em vista o contexto social contemporâneo, complete o campo indicado com a alternativa que melhor completa a oração.

- O que você vai prestar no vestiba?
- Eu vou fazer medicina!
- Nossa! A concorrência é muito alta!
- Mas eu estou me preparando, estudando todos os dias.
- É muito esforço, quase tanto quanto os pedreiros que nos constroem casas. Porque será que você e tantos outros querem esse curso?
- Eu quero fazer medicina, pois me possibilitaria __________, e isso me faria feliz.

Alternativas:
a) ganhar dinheiro
b) ter status
c) fazer algo que eu considero importante, e me sentir melhor que os outros
d) engajar em um trabalho responsável para colaborar com o coletivo
e) as alternativas a, b, c estão corretas

Gabarito comentado
Alternativa correta (e).
A alternativa (d) é eliminada por um processo lógico: contribuir para uma causa coletiva é possível em qualquer campo de atuação profissional logo, a concorrência seria mais distribuída entre os demais cursos, baixando a concorrência para o curso de medicina. Já as alternativas (a), (b) e (c) são complementares, compondo uma psicopatologia comum no contexto contemporâneo: o egoísmo.


???
Pra dizer te amo,
Se diz “amo-te”,
Por isso eu nunca vou amar
Essa porra de gramática.



Nós os libertários

Nos livramos da atraente gaiola de ouro,
O vil metal do desejo mundano.
Na liberdade encontramos o maior tesouro,
Em torno dela fazemos nossos planos.

O Estado nocivo e nojento
Jamais terá nossa aprovação,
Pois com seus poderes violentos
Não passa de uma grande prisão.

Nossa pátria é o infinito,
Com antibandeiras da cor negra,
Nossas musicas, cultura, nossos gritos
Não se deixam deter por regras.

Queremos um mundo mais evoluído,
Que garanta a nossa e a vossa sustentação,
Onde possamos ser autogeridos
Por nosso trabalho, forca e união.